Projeto “Virando a Página” leva livros a detentos

O projeto Virando a Página é uma iniciativa desenvolvida pela Defensoria Pública do Espírito Santo  que já acontecia em São Mateus, há um ano. Agora a ideia é trazer o projeto para o Xuri, em Vila Velha. Por enquanto foram escolhidos 20 internos para participarem do programa piloto, cuja proposta é que os internos leiam seis obras, escolhidas pela FAESA em conjunto com a Defensoria Pública. O objetivo principal é a remissão de pena através da leitura.

A iniciativa é executada a partir de aulas de leitura, apresentação de glossários, discussão dos livros e reuniões regulares. Ao final, os internos precisam apresentar um resumo que será avaliado com base na formação escolar de cada um. Seis livros já foram escolhidos para a leitura dos internos. A cada obra lida serão quatro dias da remissão de pena que ocorre somente se o aproveitamento do que ele leu tenha sido de, no mínimo, 60%, ou seja, nota igual ou superior a seis nos textos desenvolvidos.

O professor Antonio Alves de Almeida, dos cursos de Psicologia, Ciências Biológicas, Enfermagem, Pedagogia e Comunicação Social, junto com as voluntárias do curso de Pedagogia, Mayara da Silva, Lohayne Evani, Fabiana Nunes e Jheniffer Ramos, arrecadam os livros e fazem as visitas nos presídios. Ele explica que a maior importância não está na diminuição da pena.

A remissão na pena dos internos é apenas um estímulo. Na verdade, a maior importância é trabalhar valores humanitários. A questão da ética, da solidariedade, do humanismo, amizade, empatia, isso é importante para que eles vejam as suas atitudes, seus valores e sejam seres humanos melhores do que já são”, relata.

“Saidinhas”

Os detentos tem as famosas “saidinhas” que consistem na saída de uma semana em dias de feriados ou em datas comemorativas. Quando eles tem a oportunidade de sair, podem levar os livros e apresentar às famílias. Segundo o professor Antonio, isso tem influência direta na auto estima dos internos.

O primeiro livro foi o Pequeno Príncipe e eles estão gostando bastante. Eles estão muito felizes e mostram para a família e para os filhos que estão lendo. Isso ajuda a melhorar a auto estima deles. Alguns já pediram para ler até outros livros. Isso é até mais importante para nós do que esses quatro dias de redução da pena”, explica.

Arrecadação de Livros

Os livros levados para os internos são arrecadados pelo professor Antonio com a ajuda de quatro monitoras do curso de Pedagogia. Uma das ações para arrecadação das obras foi no Parque Moscoso, Centro de Vitória, como um momento de troca de livros. Além das ações internas, o professor tenta envolver os outros cursos pedindo livros nas salas de aula. Ele conta que conseguiu apoios externos. “O jornal A Gazeta está ajudando a gente e tantos outros que estamos buscando. O projeto está ampliando e isso é muito significativo para arrecadarmos as seis obras estipuladas para os 20 internos”.

O primeiro critério utilizado pela Defensoria Pública em conjunto com o professor foi uma leitura agradável e simples, para que eles se sintam interessados e envolvidos pela história. O conteúdo foi o segundo critério pensado, e a identificação foi o terceiro critério.

Como posso ajudar?

As obras escolhidas para as leituras dos internos são O Pequeno Príncipe, O Menino do Pijama Listrado, O Guardião, O Jogo do Anjo, O Caçador de Pipas e O Fio das Missangas. Quem quiser ajudar o projeto, pode doar na Biblioteca da FAESA ou entregar a qualquer funcionário. O professor explica ao Faesa Digital que qualquer segmento de livro pode ser doado, além de DVD’s e CD’S, pois com uma quantidade maior é possível fazer a troca pelas obras necessárias em sebos da Grande Vitória.