O fato de o mercado consumidor possuir uma grande concorrência de marcas e produtos faz com que a publicidade seja um importante meio de promover uma empresa e colocar o seu nome em destaque. Para isso, é preciso ter agências criativas, criando propagandas com diferencial das demais, atendendo as ideologias do público, tendo, assim, a aceitação e sucesso nas vendas.
O uso da propaganda é importante tanto para a empresa quanto para o consumidor. O primeiro é viável pois ajuda na formação da imagem da empresa e da marca, tornando-a conhecida e, se utilizada de maneira correta, se aproxima do seu público e sai na frente em relação à outras marcas. O segundo ajuda o consumidor a tomar conhecimento dos produtos e marcas disponíveis no mercado, a propaganda influência muito e é o consumidor que irá dizer se aprova ou não.
Como por exemplo a propaganda da Coca Cola do mês de setembro de 2017, que retratou sobre a crise econômica que o Brasil está enfrentando. Mas de uma forma diferente, fazendo com que o público refletisse sobre o assunto. O comercial diz que as pessoas podem existir vários tipos de crise, crise de ciúmes, crise de amor, crise de cócegas, etc. Mas o melhor da crise é que ela passa. Dizendo que “a crise fica mais longe e a gente fica mais perto”. O que teve grande aceitação do público, que se sentiu, de certa forma, acolhido pela Coca Cola no momento difícil da vida.
Consequências dos erros na publicidade
No entanto, todos cometem erros, sabemos disso. Mas cometer erros na publicidade pode gerar uma grande polêmica e denegrir o nome da empresa/marca. Pois, nos dias atuais, as pessoas estão cada vez mais exigentes em relação ao conteúdo das propagandas, principalmente televisivas.
Conteúdos considerados machistas e racistas são os erros mais cometidos na publicidade brasileira. Esse discurso sempre esteve presente, mas hoje o público não está mais aceitando de boca calada, protesta das mais diversas formas, sendo a rede social um dos principais meios. Logo, são várias as propagandas que foram tiradas do ar por causa da reprovação da população.

Um exemplo de propaganda que foi tirada do ar por causa da polêmica e reprovação do público foi a do absorvente da Always, que mostrava a apresentadora Sabrina Satos totalmente despida e relacionava o vazamento menstrual com o vazamento de fotos íntimas, dizendo que a culpada era a vítima e não o criminoso.
Outro caso foi a cerveja Skol, que explorava a imagem de mulheres com uma conotação sexista, relacionando a cerveja com mulheres em volta do personagem que consumia o produto, um conteúdo extremamente machista. O público começou a se incomodar e protestar. Assim, a marca lançou um vídeo pedindo desculpas pelas suas propagandas e produziu uma coleção limitada com latinhas de vários tons de pele, e o comercial dizia que a cor do verão seria a cor da pele brasileira, que são todas as cores, todos os tons. Uma propaganda inovadora, pois, além de mostrar vários tipos de pessoas e tons de pele, as mulheres aparecem consumindo o produto, o que não acontecia nas antigas propagandas. Confira:

O mais recente erro foi da nova linha de papel higiênico na cor preta que a Santher trouxe para o Brasil, uma vez que já é usada em outros países. Porém, por causa do uso do slogan “Black is Beautiful” (preto é bonito). A empresa foi acusada de racismo, pelo fato dessa frase ter sido usada nos anos 60 por ativistas negros norte-americanos. Logo, a marca Personal abandonou o uso do slogan na divulgação da campanha e pediu desculpas pelo mal entendido.
Entrevista
Entrevistamos a professora do curso de Publicidade e Propaganda, Vanessa Torres, que nos contou um pouco sobre a publicidade e suas polêmicas.
Faesa Digital – Uma publicidade tem o poder de manipular as pessoas?
Vanessa Torres – Não considero manipular o melhor termo. A publicidade tem a função de informar as pessoas a respeito da disponibilidade do produto. Ela é, por sua natureza, uma comunicação persuasiva, desse modo, ela tem uma tendência a convencer as pessoas de que aquele produto é bom. Porém, manipular já seria pressupor que as pessoas não tem livre arbítrio, que elas não tem capacidade de analisar aquela situação e pensar “será que é verdade? Será que vai ser bom pra mim?”. E eu também acredito que está cada vez mais difícil isso acontecer, pois o público está ficando cada vez mais crítico.
Quais são os principais erros que os publicitários cometem?
O mercado consumidor espera que a publicidade seja inovadora, que traga algo novo para as pessoas e isso é um enorme desafio que as empresas enfrentam. Assim, acredito que esses erros acontecem na tentativa dos profissionais acertarem, nessa tendência de querer falar as coisas de forma diferente, trazer uma novidade, chamar atenção das pessoas e, com isso, alguns erros podem acontecer.
Um exemplo é a propaganda abusiva e o que caracteriza todo tipo de desconcerto, nesse caso eu acusaria de tentativa de ser criativo, tentar ousar e pensar fora da caixa, extrapolando o limite. O que gera as polêmicas (exemplo dados na matéria), pois a sociedade está questionando todos os limites de qualquer natureza, da mesmo forma em que tudo está mudando numa velocidade muito grande. Então, não é qualquer publicidade que o público vai aceitar.
Um risco muito grande é quando utiliza humor na propaganda, por exemplo, o comercial brasileiro foi, por longo tempo, conhecida pela sua capacidade de humor, o que pode se tornar algo pesado, correndo risco de ser grotesco e agressivo, preconceituoso.
A publicidade é preconceituosa?
Pensando que a publicidade é produzida por pessoas e que a sociedade é preconceituosa, é inegável que ela contenha esse tipo de conteúdo. Sendo a publicidade que deveria ser uma das primeiras a quebrar esses preconceitos, sem dúvida, mas nem sempre é isso que acontece.
A publicidade pode ditar uma tendência de comportamento?
Eu acho que a publicidade e a sociedade se retro-alimentam, os publicitários não compram essa imagem de ter o poder de inventar novos comportamentos, eles não ditam moda, mas sim trabalham e criam a própria cultura da sociedade. Dessa forma, a publicidade reforça uma tendência que já está inserida na sociedade.