Pauline tem 24 anos. Isabella é três anos mais velha: tem 27. Além da faixa etária em comum, as duas têm outro aspecto semelhante: o desejo de alcançar o sucesso no mundo virtual. Ambas entraram há pouco tempo para o vasto grupo dos denominados “influenciadores digitais”, e embora ainda não tenham alcançado o status de ícones como Whindersson Nunes e Kéfera Buchmann, elas já podem dizer que colhem os frutos do empenho em chamar a atenção para os perfis que possuem na rede e para a própria imagem.
Auxiliadas pela agilidade com que tudo acontece na internet, as influencers capixabas conseguem chegar, juntas, a cerca de 18 mil perfis no aplicativo de fotos Instagram, fora o alcance das páginas que mantêm em outras redes, como o Facebook e o Youtube. No entanto, é em busca principalmente do engajamento — termo utilizado como sinônimo de curtidas e comentários — que elas criam publicações quase que diárias.

Com 10,2 mil seguidores no Instagram, o Hiperglicemia, criado pela graduada em Direito e estudante do terceiro período de Jornalismo Isabella Arruda, surgiu como um passatempo há dois anos e meio. Na página, a influencer compartilha experiências, receitas e estabelecimentos gastronômicos que conhece no dia a dia, com uma queda especial pela exibição de doces. “Era um hobbie para mim, uma forma de postar ‘instafood’ sem lotar a timeline do perfil pessoal”, conta a influenciadora sobre o início do perfil na rede.
Permuta

Com o passar do tempo, a estudante foi acumulando espectadores, e começou a receber em casa itens para provar e divulgar. Somente na Páscoa deste ano, por exemplo, foram oito produtos de pequenas empresas capixabas postados na página: seis ovos, uma caixa de palha italiana e outra de mini ovos. A quantidade é quase o triplo do que recebeu no mesmo período do ano passado.
Essa interação conquistada entre as marcas e o perfil de Isabella dá à influenciadora a chance de transformar a atividade em um trabalho. Segundo ela, embora a permuta seja mais frequente — ou seja, a chance de provar o produto ‘de graça’ em troca da divulgação —, a intenção é fazer da prática algo rentável. “Busco me aperfeiçoar. Estudo comunicação e isso demonstra que vejo o blog hoje como trabalho. Dedico tempo diariamente, é uma preocupação constante”, relata.
Pauline Costa, criadora do Canal da Linne, também investe na carreira. Com fotos e vídeos sobre beleza feminina e transição de cabelo, ela reúne hoje no Instagram cerca de 8 mil perfis seguidores. A mudança que fez no próprio penteado foi o que incentivou ela a produzir conteúdo para a internet. “Eu sempre quis criar um canal, mas nunca sabia sobre o que falar com propriedade. Foi então que resolvi começar a transição capilar e vi nisso uma oportunidade de fazer um canal sólido e bacana”, diz a influenciadora, que também é formada em Jornalismo.

Para o professor da FAESA e especialista em Estratégia Criativa, Felipe Tessarolo, o desejo por compartilhar momentos da vida na internet vem da busca por atenção. “As pessoas estão buscando cada vez mais aparecer, e esse comportamento hoje é possibilitado pelas novas tecnologias”, esclarece Felipe. De acordo com ele, as conquistas e os momentos de felicidade vividos pelos usuários acabam se tornando matéria-prima para a criação dessas figuras.
O estilo de Mila Vieira
Mila, como é conhecida a influencer e estudante de Publicidade e Propaganda Camila Vieira, 22 anos, faz postagens no Instagram sobre beleza e estilo de vida. Na biografia do perfil @bymilavieira, ela descreve o que faz como “levando moda, cachos, sonhos e amor por aí”, escreve Camila.
Ela conta que não gosta do termo “influenciadora”, e opta por se definir como produtora de conteúdo. “A produção de conteúdo envolve muito mais coisas do que só influenciar”, afirma a estudante. As fotos de cores vibrantes, os produtos de beleza e os “instafood’s” publicados por ela na rede social já renderam o número de 4,5 mil seguidores até o momento.