Futebol, atletismo, natação… Nada disso! – Os e-sports são a bola da vez no século XXI em diversos cantos do planeta. Os esportes eletrônicos vêm crescendo gradativamente, e dentre esses países, o Brasil tem tomado certo destaque pela quantidade de jovens que estão em busca da profissão de cyberatleta (denominação usada para os atletas dessa modalidade), e com isso, a febre só aumenta. Como atrativo, as premiações com valores astronômicos tem levado as grandes empresas do setor tecnológico a olhar o mercado dos jogos virtuais com uma outra perspectiva.

Para a apresentadora e streamer gaúcha, Diana Zambrozuski, 21, o público que acompanha os e-sports já está conseguindo bater de frente com os de outras modalidades esportivas. “Por mais que tenha muita gente de fora, o pessoal que curte sabe a força que tem, vai aos eventos, acompanham as transmissões online, já está chegando a um público, batendo com outros esportes que ninguém esperava”, pontuou Diana.
No Brasil, a prática é ainda recente, porém, existem jogadores profissionais que recebem milhões (com salários, patrocínios e premiações). “O mundo está evoluindo, com certeza, e daqui a dois ou três anos, vai ficar algo extremamente grande. A cada ano a gente vê o cenário crescer e isso é muito bom”, analisou o francês Hugo “Dioud” Padioleau, 27, cyberatleta da RedCanids.

Com o crescimento do cenário competitivo dos e-sports, vários clubes de outras modalidades esportivas, como o futebol e basquete, tem voltado seus olhos para uma oportunidade de investir em diversos jogos, como é o caso do Flamengo, que a menos de um ano fundou um time profissional no jogo League of Legends e foi recém-promovido à elite do Campeonato Brasileiro. “O cenário está bem grande e não é só mais League of Legends, estamos vendo o Counter Strike, Dota também aparecendo. Eu acho que o cenário está chegando ao seu ápice e tem tudo para crescer mais um pouco antes que se mantenha nesse status alto, como agora, com os times grandes investindo, como o Flamengo e o Corinthians, e até times de basquete nos Estados Unidos, então tem tudo para continuar crescendo”, destacou o paulista Clayton “Cladofi” Figueiredo, 31, apresentador e narrador e-sportivo.
Não é só jogar
Para quem acha que a vida de um cyberatleta é só jogar, está completamente enganado. Eles precisam de toda uma preparação física e psicológica para um melhor desempenho. A psicóloga Alessandra Dutra, 47, responsável por cuidar da saúde mental dos atletas da Red Canids, informou que existe toda uma preparação mental voltada para os jogadores: “A gente tem toda uma preparação mental voltada para eles, que competem em objetivos a curto, médio e longo prazo, então tem uma preparação toda envolvida, principalmente o trabalho em grupo e a questão de prevenção de desempenho na parte neuro-cognitiva”.

Além disso, segundo o ex-cyberatleta e ex-técnico do time ProGaming, o mineiro Thiago “Djokovic” Maia, 26, existe todo um cronograma diário de atividades para os players, com atividades físicas e técnicas: “A gente acorda bem cedo, por volta das oito e meia, nove horas, e já tem a parte de meditação e atividade física. Alguns gostam de academia, outros de caminhar, e essa parte da manhã, até às onze horas é exclusiva para a parte física e meditação. Das onze até onze e meia eles tem que se preparar e almoçar. Meio dia eles tem uma reunião com a comissão técnica e comigo. Após isso, eles vão para o primeiro bloco de treinamento, que é de uma até às quatro da tarde, com uma hora de descanso, e depois, das cinco até às oito horas, um novo bloco de treinos, agora com outros times. Eles ficam de oito até dez horas descansando, onde vão fazer outras atividades e depois retornam para os treinos individuais, que vai até uma, duas horas da manhã, podendo ir no máximo até três horas da manhã”.
Um mundo além dos jogos

A vida fora do cenário competitivo também é bastante movimentada, já que os cyberatletas recebem o status de celebridade dentre os seus fãs, mas diferente do que ocorre em outras modalidades, como por exemplo, no futebol, a acessibilidade a esses jogadores é bastante facilitada. “Diferente dos atletas de outros esportes, os cyberatletas tem uma relação mais próxima e acessível com os fãs e o público. Muitos estão sempre presentes em eventos e jogando com seus próprios fãs em streams (transmissões ao vivo) e isso os torna mais reais e próximos”, salientou o argentino Hernan “Hastad” Klingler, 23, streamer.

Com o crescimento dos e-sports, diversos empreendedores viram a oportunidade de crescer no meio em diversas áreas, como é o caso do capixaba Rodrigo Loyola, 39, que fundou uma loja de informática própria para atender essa demanda. “A mais de 10 anos atrás, quando começou a febre dos jogos online, eu vi várias empresas de eletrodomésticos investindo em computadores, e decidi entrar nesse ramo, porém trazendo como diferencial, o foco nos jogadores mais especializados, que queriam computadores próprios pra jogo”, informou o capixaba. Além do capixaba, o humorista carioca Fernando “Montanha” Mariano, 24, viu no League of Legends, uma janela para entrar nos e-sports: “A alguns anos, os e-sports já existiam, mas o League of Legends foi o jogo que trouxe o reconhecimento da mídia tradicional e eu vi nele a chance de levar meu trabalho artístico. Eu vivo disso e sou muito grato por isso”.

E a mídia tradicional tem se atentado a isso, buscando novos públicos na internet, aproveitando a febre dos campeonatos online, como informou a capixaba Amanda “Mandyoca” Butzke, 23, que trabalha com transmissões ao vivo (streamer). “A mídia tradicional está começando a enxergar os e-sports diferente. Como o público é online, eles estão também começando a investir em transmissões pela internet, como é o caso da Esporte Interativo e da SportTV, com as transmissões de grandes campeonatos brasileiros e mundiais”.
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