O que poucos sabem é que ele nasceu Michael King, em 15 de janeiro de 1929, em plena Georgia, ao sul dos Estados Unidos. Talvez tenha pretendido mudar de nome em homenagem ao monge da Reforma Protestante, Martinho Lutero, já que ambos viriam a ter mais em comum que apenas a forma como eram chamados: os dois queriam e viriam a transformar a sociedade em que viviam.

Em plenos anos 50, como potência na Guerra Fria, os Estados Unidos da América eram considerados modelo de democracia. No entanto, este título gerava controvérsia por não ser permitido que negros votassem. Nessa época, os registros mostram que o motivo para o início da aclamação de Luther King pelos negros seria o fato de que, em dezembro de 1955, na cidade de Montgomery, uma costureira de 52 anos, chamada Rosa Parks, recusou-se a ceder lugar para um branco no ônibus, o que fez com que Martin, pastor de igreja da cidade naquele momento, tivesse a chance de impulsionar um boicote dos negros a estes transportes públicos. Assim, acabou assumindo a liderança do movimento negro norte-americano.
Em agosto de 1963 Martin proferiu em Washington, capital americana, o famoso discurso de 17 minutos de duração, para um público de 250 mil pessoas, “I have a dream” (eu tenho um sonho), que viria a ficar marcado para sempre na história. Estudiosos comentam que a principal parte da fala do símbolo contra o racismo foi feita sob improviso. Confira o vídeo:
Inicialmente, Luther King buscou igualdade de direitos, o que lhe rendeu o Nobel da Paz em 1964, por sua luta para instauração de uma sociedade mais justa. Com o tempo o discurso foi ampliado e sua figura passou a criticar o imperialismo americano e o capitalismo como um todo.
Como consequência da difusão de suas ideias, brancos conservadores dos Estados Unidos ficaram em estado de alerta. Outra oposição que sofria vinha de seus iguais, diretamente dos “Panteras Negras“, grupo fundado em 1966 e responsável por patrulhas truculentas em bairros de negros. Esta organização criticava Martin por não confiar na tática da não-violência por ele aplicada e defendida, inspirado por Mahatma Gandhi.

Já em seus últimos anos de vida, Martin Luther King fora constantemente vigiado, tendo sido alvo de escuta telefônica ordenada pelo FBI. Também, por ter participado de manifestações contra a Guerra do Vietnã, foi alvo de controle pelos serviços secretos militares, em 1967. Ao adentrar o campo da Economia, defendendo radicais reformas, o ícone arranjou inimigos em Washington.
Como se soubesse que ia morrer em breve, já que havia escapado de outros dois atentados, Martin discursou, à véspera de seu assassinato em Memphis, durante 40 minutos. Em sua fala, demonstrou ciência da breve duração de vida que lhe restava e comoveu o público presente. No célebre discurso menciona ter vislumbrado a terra prometida.
Então, no dia 4 de abril de 1968, na sacada do hotel Lorraine, um tiro executado pelo franco atirador James Earl Ray levou a vida do mártir. Seu assassino, que contava com histórico de preconceito racial, conseguiu fugir com passaporte falsificado e só depois foi capturado. Um rifle e um binóculos foram encontrados na cena do crime. Seu fim? Morreu no cárcere em 1998.

O corpo de Martin foi levado a sua cidade natal, Atlanta, para ser enterrado, sob rios de lágrimas de milhares de pessoas. Se estivesse vivo hoje, teria sido comemorado seu 89º aniversário este ano, já que nasceu em 15 de janeiro de 1929. A forma trágica como a sua vida foi retirada provocou revoltas com mais de 40 mortes e marchas em protesto. A força do movimento iniciado era tanta que nem a repressão policial conseguiu enfraquecer.
Em nível internacional o homicídio gerou profundo pesar e as inquietações por motivos de discriminação racial se agravaram, em especial nas cidades de Chicago e Washington. Nos Estados Unidos a data de nascimento do grandioso Luther King é hoje celebrada como feriado nacional, realizado toda terceira segunda-feira de janeiro.
Quer saber mais?
Indicação de filme para recordar Martin Luther King: Selma, uma luta pela igualdade, que concorreu ao Oscar. O longa apresenta a série de atos pacíficos liderados por Martin Luther King requerendo o direito ao voto pelos negros. Vale à pena conferir!