Som de Fogueira atrai turistas e move as noites de terça feira
Se você sente falta de uma opção barata para os embalos de terça feira a noite, e que, de quebra, valorize a cultura do estado, em especial durante o período de recesso que se aproxima, venha curtir boa música e boemia em ruas e calçadas da Rua da Lama, em Jardim da Penha. O famoso point da capital recebe músicos, com propostas autorais ou não, e apresenta novos talentos.
A primeira edição do projeto intitulado Som de Fogueira ocorreu em dezembro de 2014, organizada por Diogo Cypriano, também proprietário de um bar na famosa rua que serve de palco às mais variadas apresentações. O organizador, naquele momento, convidou outro músico para tocar e reuniu diversos artistas capixabas. O resultado foi uma espécie de “Jam Session“, um evento informal marcado pelo improviso.

O projeto chegou ao ponto em que tomou a rua, de modo a não ter ficado restrito a um estabelecimento exclusivamente. “Acho que o auge foi o ano passado quando a gente lançou o EP e conseguiu o fechamento da rua pela prefeitura. Tornou mais sólido o projeto e as pessoas começaram a entender mais. O que me levou a impulsionar isso foi a minha vontade de infância de ter uma banda e de querer produzir, porque eu achava que o cenário tinha morrido”, comentou Diogo Cypriano, empresário do ramo de bares e casas noturnas e também organizador do Som de Fogueira.

Para os músicos que participam do projeto, a oportunidade é ímpar e deve ser um ponta pé inicial para novas ações culturais, induzindo quem ouve a apoiar trabalhos que tenham qualidade. “Quando você reúne em um local pessoas que estão dispostas a ouvir, elas começam a entender que tipo de música é boa, quem faz um bom trabalho. E aí você vai criando raízes. E aí quando se apresenta em outro espaço, as pessoas vão confirmar o que viram. Então estes tipos de atividades culturais, como o Som de Fogueira, são uma ótima oportunidade para a gente mostrar o que temos de melhor”, acrescentou Roberto Júnior, componente da banda Brazil Dub.
Os comerciantes de Jardim da Penha são em geral beneficiados pelo projeto musical às terças, já que este vem trazendo de volta o movimento para a Rua da Lama e aumentando consideravelmente as vendas nos estabelecimentos noturnos.
Quando não havia o chamado Som de Fogueira, a Rua da Lama era morta na terça feira e agora vem gente não só da grande Vitória, mas sim de todos os lugares do Espírito Santo. Com isso, aumentou o movimento do comércio local. Só gostaria que os nossos governantes apoiassem mais a cultura em geral”, mencionou o comerciante da região, Josmar Link.
A representatividade por trás da música
Por enquanto, o projeto Som de Fogueira conta com recursos privados. A ideia para o futuro é buscar parcerias públicas, aumentando o orçamento, para atender melhor a demanda crescente por eventos culturais. Além disso, existe a preocupação em pagar bem os músicos, já que qualidade neles não falta. Outra grande questão é a representatividade da música produzida no Espírito Santo, que as vezes é deixada de lado em detrimento de fenômenos mais populares que vêm de outros estados.

Vitória, capital que tem potencial para entrar no eixo do turismo do sudeste, acaba perdendo por falta de interesse dos grandes empresários, do governo e da imprensa. “Esse é o meu sonho: colocar a cultura e o entretenimento onde merecem estar, numa capital brasileira. Vitória é carente porque quer, não por falta de pessoas e material humano. Essa é minha grande insatisfação com quem poderia gerir isso melhor”, defendeu o organizador do Som de Fogueira.
Eu morei na Califórnia e na França e eram lugares com bares exclusivos para bebida, de take out, com bebidas patenteadas. Tô falando isso pra mostrar o quanto eu acho que cada indivíduo pode ter uma posição original e criativa e isso ser uma representatividade cultural. Eu sempre apostei nisso, sou original nos meus ideais. Então eu acho muito difícil de entender a cabeça de órgãos públicos, como a prefeitura e até das empresas e da imprensa de não apoiar 100% o que tá acontecendo do lado”, acrescenta o entusiasta e organizador do evento na Rua da Lama.
Além disso, Diogo ainda sugere que o projeto musical se torna forte quando é incentivado e promovida a cultura local, deixando de ser só música para ser representatividade. “O que a gente fez foi revitalizar uma rua que estava perdida de carro de som e de criminalidade. Se você for na terça não há ocorrência policial. Gente com intuito de ouvir músicas novas de artistas capixabas. O Som de Fogueira tem o propósito de revitalizar a rua. Os artistas precisam se mostrar fortes e essa é a função do projeto, de ser um espaço para os artistas mostrarem força”, finalizou Diogo Cypriano.