com o fundo cinza, a imagem recebe a palavra frase setembro em branco, Amarelo em preto e a fita amarela em baixo

Setembro Amarelo o ano inteiro

A proposta do Setembro Amarelo foi iniciada pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal  de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e o evento teve suas primeiras atividades em 2015. Trata-se de uma campanha que busca mostrar para a sociedade brasileira que a melhor opção é falar, se comunicar pedindo ajuda. A prevenção do suicídio é algo sério e o Setembro Amarelo quer que a população tenha consciência disso.

Como começou

A ideia da campanha não começou aqui no Brasil. O ano era 1994 quando o casal Dale Emme e Darlene Emme sofreram com a perda do filho Mike, de 17 anos, que era conhecido por “Mustang Mike” por ter restaurado um Mustang 68 e pintado de amarelo.

Infelizmente seus pais e amigos não perceberam que ele precisava de ajuda. Uma cesta de cartões com fitas amarelas estava disponível no seu funeral para quem quisesse pegá-los. Os 500 cartões e fitas foram feitos pelos amigos de Mike e possuíam uma mensagem: “Se você precisar, peça ajuda.” 

As fitas se espalharam para além da cidade de Westminster, estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e ficaram conhecidas como “Yellow Ribbon” ou seja, “Fita Amarela”, e em poucas semanas começaram a aparecer ligações de vários lugares. Um professor de outro estado norte-americano havia recebido um dos cartões de uma aluna pedindo por ajuda. Diversas cartas chegavam para os pais de Mike, enviadas por vários adolescentes querendo que alguém os amparasse. Por conta disso a fita amarela foi escolhida como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscar ajuda.

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Em 2003 a OMS (Organização Mundial de Saúde) instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, e o amarelo do mustang de Mike é a cor escolhida para representar este sentimento.

No Brasil

O CVV  (uma das principais mobilizadoras do Setembro Amarelo) é uma entidade sem fins lucrativos que atua gratuitamente na prevenção do suicídio desde 1962.

O suicídio é um problema de saúde pública e muitos dos jornais e empresas midiáticas consideram que se falar sobre isso, pode haver um aumento no número de vítimas. E muitas das vezes segue regras para que alguma notícia havendo suicídio seja publicada.

Rita Benezath, egressa do curso de Jornalismo da FAESA, desenvolveu o seu Trabalho de Conclusão de curso sobre o tema: “Os limites do jornalismo na publicação de suicídios: um estudo de caso”. Nele, Rita fez uma análise sobre uma matéria da Revista Galileu que fala sobre o suicídio, e além disso ela e investiga de que forma é possível conseguir uma cobertura responsável acerca de um tema delicado como o este.

Perguntei para ela sobre o tema e ela explica que o suicídio pelo suicídio não é noticia por que pode acabar sendo um dos gatilhos que podem levar uma pessoa a se matar.

“Citar que ‘tal pessoa tirou a própria vida’ não traz nenhum objetivo, tampouco benefício. Isso se trata do suicídio pelo suicídio.”

Geralmente, o tema vira notícia nas seguintes situações:

  • em casos de terrorismo (homem-bomba, por exemplo);
  • celebridade/figura pública;
  • quando é precedido de um assassinato ou outro crime (ex: um homem que matou a mulher na Terceira Ponte e, logo depois, se suicidou);
  • e quando afeta a coletividade urbana (ex: casos de tentativas na Terceira Ponte).

Rita nos lembra que durante esses casos não se deve utilizar a palavra suicídio no título.

“Lembrando que sendo o suicídio um caso de saúde pública é preciso, sim, falar sobre ele. Uma das considerações finais do meu trabalho foi que a campanha do Setembro Amarelo não recebe a mesma divulgação de outras, como Outubro Rosa e Novembro Azul”.

Atualmente trabalhando como repórter da Rede Gazeta, ela deu algumas dicas de leitura sobre esse assunto para quem procura mais informações: Prevenção do suicídio: um manual para profissionais da mídia, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Comportamento Suicida: conhecer para prevenir, produzido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em conjunto com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Pelos números oficiais, são 32 brasileiros mortos por dia, essa taxa é superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. A Organização Mundial da Saúde tem esperança de que se as pessoas falarem sobre precisar de ajuda, esses números irão diminuir, já que 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. 

No Espírito Santo

A Agência Reguladora de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP) revelou no dia 11 de setembro de 2018 em uma coletiva aqui no estado que 184 pessoas cometeram suicídio no ano passado, isso dá em média 2 mortes por dia. Também foi divulgado que dentre essas ocorrências 8 aconteceram na Terceira Ponte, que teve 48 tentativas de suicídio este ano e 45 vidas salvas graças ao time de resgatadores (maneira como é chamada a equipe que faz esse procedimento).

A Terceira Ponte já ficou 5 horas interditadas em junho deste ano. E agora, dia 10 de setembro, a ponte ficou interditada por 8 horas, dentre estas horas o homem que sofria de esquizofrenia ouviu mais palavras de mal gosto do que palavras de ajuda de algumas pessoas que estavam no trânsito querendo ir para casa.

Como buscar ajuda

Quando uma pessoa decide que vai tirar a própria vida, ela não faz isso somente por um simples acontecimento, mas sim com uma soma de diversos fatores de origem emocional, psíquica, social e cultural. Esse indivíduo busca na morte o alívio, uma forma de fugir daquilo que o deprime, que o exclui de maneira insuportável. Decepções amorosas, problemas familiares ou financeiros, depressão, transtornos de personalidade, abuso de substâncias químicas, são alguns dos fatores. Claro que nem sempre tais fatores atuam como causa direta, mas podem potencializar o risco da depressão e levar ao suicídio.

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Lembre-se que falar é a melhor opção, não há nada de errado em demonstrar fraqueza, que precisa de ajuda e que está cansado. Há pessoas que precisam de você e querem o seu melhor.

Fale com alguém próximo, conte para as pessoas o que passa pela sua cabeça. Ter alguém para conversar faz toda a diferença.

Se você não tem ninguém próximo com quem conversar, não hesite em ligar para o 141 ou 188 e conversar com um dos voluntários do CVV.  Eles estão lá para você e podem entender pelo que você está passando.

Você pode pensar que o que você está lidando seja bobeira, mas na verdade é a “bobeira” mais importante do mundo.

 

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