Zanete Dadalto Indica

Desta vez, o Quem Indica traz a professora Zanete Dadalto, Zazá para os mais íntimos, graduada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espirito Santo, UFES (1989), com especialização em Estudos da Imagem e Mídia pela faculdade Cândido Mendes de Vitória.

Ela é Professora da FAESA Centro Universitário há 20 anos, orienta o Jornal laboratório Tendências do curso de Jornalismo, junto com os professores Valmir Matiazzi e Paulo Soldateli. Tem experiência na área de comunicação e Artes, atuando principalmente em disciplinas relacionadas aos seguintes temas: fotografia, fotojornalismo, imagem digital, arte, antropologia visual e meio ambiente. Zanete, ainda realiza projetos de extensão, como o projeto Lumiar e as fotos da Festa da Penha, no qual os alunos colocam em pratica os conteúdos discutidos em sala de aula.

Atualmente desenvolve projetos de vídeo documentário e é membro efetiva do Instituto Ecobacia, organização não governamental, sediada em Vitória-ES, que estuda e apoia ações de recuperação das bacias hidrográficas no estado.

A professora também considera Dora e Pedro, seus filhos, as suas melhores produções, tem coisa mais fofa?! E com todo esse repertório acumulado, nada melhor que perguntar umas indicações para que possamos desenvolver também o nosso, né?

 

Livro

A fotografa indicou o livro que leu aos 20 anos e que marcou a sua vida: Cem anos de Solidão (1967) de Gabriel Garcia Marques, o livro conta a saga da família Buendía, na fictícia cidade de Macondo, e mostra a passagem do tempo, os dramas e fantasias que perpassa seis gerações dessa família, as mudanças na cidade e alguns avanços tecnológicos, inclusive a chegada da fotografia, através dos daguerrótipos. Zanete disse que o livro faz parte do gênero Realismo Fantástico, repleto de elementos mágicos e simbólicos. Disse que ficou encantada com a narrativa do autor e como ele entrelaça as histórias de uma América Latina mítica.

Também comentou de poesias que gosta e o seu livro de cabeceira O Eu profundo e outros Eus (1974) de Fernando Pessoa, e ainda recitou um de seus poemas favoritos “Poema em Linha Reta”, que sempre lembra e revisita por ter muito a ver com estes tempos de vida virtual. E os livros de Clarice Lispector e Albert Camus, sempre.

Fernando Pessoa

Indica também alguns autores capixabas que ama, como Sérgio Blanck, Bernadette Lyra e Reinaldo Santos Neves e ressalta que tem muitos outros que realmente gosta. Você pode ver a matéria que fizemos sobre literatura capixaba clicando aqui, ficou muito legal!

Música

Bem eclética, a primeira lembrança foi do cantor Criolo e o álbum Espiral da Ilusão, que tem ouvido bastante, mas não deixou de citar Os MutantesRaul SeixasCartola;  o blues com Eric Clapton e  na sua adolescência com Luiz Melodia cantando Pérola Negra, e de Gal Costa Fa-tal – Gal a Todo Vapor, musicas e músicos que não cansa de ouvir.

E para valorizar o Espirito Santo apresentou Sérgio Sampaio que inclusive já falamos por aqui sobre o festival  Sérgio Sampaio. O Regional da Nair, formada por alguns ex-alunos, e a banda de congo do coração Tambor Jacaranema da Barra do Jucu, Vila Velha.

Filme

A professora ainda compartilhou seus filmes favoritos como Hair, um musical que todos deveriam assistir, e o clássico Blade Runner, ficção cientifica dirigido por Ridley Scott. E para não deixar o Brasil de lado, comentou do filme mais recente que viu, o premiado Tatuagem. Pois é fã do ator Irandhir Santos: o filme conta a história de uma trupe teatral durante a ditadura, que desafia a moral e os costumes da época.

E, para não dizer que não falou de fotografia, indicou o documentário “Fotógrafo de Guerra”, documentário que acompanha o trabalho do fotógrafo James Nachtwey, um dos maiores fotógrafos da atualidade, abordando os dilemas no registro das fotografias até a montagem de exposição e publicação de suas imagens.

Documentários

Como Zanete está nesta vibe documentários, indicou vários super interessantes e que não podiam ficar de fora; como o fime de Eduardo Coutinho: Cabra Marcado pra Morrer.

Cabra-marcado-para-morrer-poster03A professora assistiu recentemente uma palestra do montador do filme, Eduardo Escorel, e disse que quer muito ver o documentário novamente após conhecer mais sobre os personagens e da realização das filmagens.

O documentário começou a ser  filmado em 1964, mas foi interrompido devido ao Golpe Militar e só foi finalizado 20 anos depois.

A professora recomenda que todos os futuros jornalistas assistam os documentários do diretor Eduardo Coutinho. E muito interessante ver como ele aborda os temas, sua habilidade em registrar o cotidiano e as pessoas comuns, e  extrair depoimentos e histórias com interesse humano e sensibilidade.

Séries

A série documental  O Canto dos Exilados, que passa no canal arte1, cada episódio, num total de dez,  mostra a história de vida de três exilados de uma área de atuação: músicos, fotógrafos, dramaturgos e pintores entre outros, que vieram ao Brasil fugindo do seu país por causa da Segunda Guerra Mundial. Zanete disse que é ótimo para refletir sobre os processos migratórios que estão ocorrendo hoje novamente e conhecer a contribuição que os exilados trouxeram para o país.

A obra Instante Cruzado é ótimo para quem gosta de fotografia. A série, apresentada pelo fotógrafo e antropólogo Milton Guran, passa no canal CURTA! . São entrevistas com fotógrafos contemporâneos onde eles abordam sua produção e são desafiados a fazer uma releitura de fotos importante e emblemáticas da história da fotografia brasileira.

Exposições

A professora Zanete Dadalto comentou que adora visitar exposições e deixou uma indicação para todo mundo comparecer. Sensibilidades Reveladas  está acontecendo no Centro Cultural Sesc Glória do dia 20 de agosto até o dia 20 de novembro.

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imagem  de divulgação da exposição

A exposição revitaliza a história do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo e a história da arte no Espírito Santo. Apresentando ao público uma pequena parcela da produção de alguns artistas famosos. A professora Zanete revelou que 9 dos 10 artistas que participam da Mostra foram seus professores, são eles: Attílio Colnago, Hilal Sami Hilal, Joyce Brandão, Nelma Pezzin, Márcia Capovilla, Raphael Samú, Ronaldo Barbosa, Vilar e Walace Neves; ela disse estar muito feliz e animada para ver as obras dos professores. A exposição possui um acervo de desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, fotografia, vídeo ou por processos híbridos e conceituais.

E tem ainda a exposição do Rafael Segatto, egresso de jornalismo FAESA, que estréia com sua primeira exposição individual, “Caminhos Possíveis”, na Galeria Homero Massena, no Centro de Vitória, até dia 01 de dezembro. A mostra tem a fotografia como principal elemento de linguagem e é resultante da residência artística que Segatto fez na Associação Fotoativa em Belém, no Pará.

Dicas para a profissão

Para ser um bom fotógrafo, a dica é estar antenado, ler muito, visitar exposições artísticas, ouvir música e ver filmes. Ter repertório é importante para desenvolver o olhar e a sensibilidade. Isso é que faz a diferença. A técnica, como ensina Henri Cartier-Bresson, um dos maiores fotógrafos do século XX, só é importante na medida em que podemos comunicar o que vemos e despertar emoções.

Henri-Cartier-Bresson
Henri Cartier-Bresson

E no caso da fotografia tenha em mente que você ainda irá fazer sua melhor imagem, olhe ao redor, observe a organização dos elementos no enquadramento da imagem, saia do lugar comum, busque ângulos inusitados e criativos, existe sempre uma foto a mais pra fazer.

Inspiração para a disciplina

Para esse questionamento, Zanete disse como se fosse obvio: Cartier-Bresson. A galera de jornalismo aprende sobre Henri Cartier-Bresson na matéria de Fotojornalismo II, por causa da sua forma de fazer fotografia, não interferir na realidade, traduzir o que está vendo, esperar o momento certo, decisivo para a melhor foto.

“Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração.”- Cartier-Bresson

Momento histórico da humanidade

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E para finalizar o momento mais marcante para a professora foi a descoberta da fotografia (podíamos esperar algo diferente?), Zanete comentou que uma série de fatores resultou na descoberta da fotografia no século XIX. A Revolução Industrial, a busca artística pela representação da realidade a partir do Renascimento, o surgimento de uma burguesia desejosa por status aumentou a demanda da pintura de retratos, a evolução da câmera escura, base do princípio fotográfico, e o estudos das químicas fotossensíveis… tudo levou ao advento das primeiras imagens.

A fotografia, por registrar a luz refletida de uma cena, atesta a existência do que foi fotografado. Isso modifica a forma como as pessoas veem um fato ou acontecimento podendo, inclusive, influenciada a opinião popular.  Além disso, a possibilidade de produzir um número infinito de fotos a partir de uma única matriz, um negativo, fez com que o mundo se tornasse conhecido, encurtando distâncias e eternizando momentos e pessoas. Hoje tudo acaba em foto. Você consegue imaginar o mundo sem fotografia? A professora e fotógrafa Zanete Dadalto não consegue.

 

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