Brendha Zamprognio
O Dia Mundial da Conscientização do Autismo ou simplesmente Dia Mundial do Autismo é comemorado no dia 2 de abril. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de alertar e conscientizar a sociedade sobre o transtorno que, segundo os pesquisadores especiais sobre os direitos das pessoas com deficiência, Catalina Devandas Aguilar, e sobre o direito à saúde, Dainius Pūras, atinge 1% da população mundial, o que corresponde a 70 milhões de pessoas.

Fonte: Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)
O Autismo pertence a um grupo de doenças de desenvolvimento cerebral, conhecido por “Transtornos de Espectro Autista” (TEA). Apesar de ser Caracterizado por alterações no desenvolvimento neurológico, fobias e dificuldades em se relacionar, o autismo é único para cada pessoa. A Psiquiatria, Psicanálise e a Psicologia compreendem o transtorno de formas diferentes. A Psicanálise caracteriza o autismo como psicose, assim como a paranoia, esquizofrenia e catatonia. Já a Psiquiatria e a Psicologia se associam num sentido de que ambas subdividem o autismo em várias categorias.
A expressão ‘autismo’ era utilizada para indicar a perda do contato com a realidade, o que leva a uma grande dificuldade ou incapacidade de comunicação. O autismo é entendido hoje como um distúrbio complexo de desenvolvimento, definido a partir de um ponto de vista comportamental, com origens múltiplas e graus variados de severidade. O transtorno enquadra o individuo em um lugar inicial (primitivo) de desenvolvimento e a lógica não é compreendida.

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A falta de inclusão e acessibilidade à educação e à saúde está presente na realidade das pessoas com transtorno do espectro autista. O professor e doutor em psicanálise, saúde e sociedade Dalton Demoner Figueiredo explica que o viés preconceituoso instaurado socialmente em relação a pessoas autista é o reflexo da falta de proximidade com essa realidade.
“Todos temos dificuldades e limitações. O autismo permanece num estágio do desenvolvimento que compromete a vida dele e que nós, ‘ditos normais’, avançamos em alguns pontos e outros permanecemos aquém”
Dalton Demoner Figueiredo
Dalton também aponta que o autismo de modo geral é um momento presente na vida de todas as pessoas, considerando que a capacidade do pensar é uma construção feita ao longo da vida, já que ninguém nasce pensando, o que leva o preconceito a essa condição ser algo não fundamentado, principalmente pelo ser humano ser um organismo social e depender da coletividade.
“Somos seres histórico-sociais, logo precisamos do Outro e é o Outro que nos ajuda a nos construirmos. Não é possível chegar ao desenvolvimento adulto/idoso vivendo na selva solitária desde o primeiro instante de vida”
Dalton Demoner Figueiredo
Em 2012, a lei de inclusão começou a englobar o autismo como deficiência. Giovana de Oliveira Ribeiro, 48, mãe do Ìcaro, que é portador do transtorno autista, explica que o Brasil ainda não tem politicas públicas funcionais voltadas para essas pessoas. “As leis são bem-feitas. Elas abrangem todas as formas de ajuda, só que não são cumpridas. Esse é o grande problema”, declara.
Giovana também questiona o preparo da sociedade em lidar com o transtorno:
“Temos uma educação que segrega. É uma inclusão mentirosa. A gente começa pela porta da nossa casa quando a gente não tem uma calçada cidadã. No Brasil falar sobre políticas públicas é um tiro no escuro. Se você não lutar, você não consegue. A mãe se vê sem perspectiva. Não tem uma boa escola e nem saúde boa. A gente não vê um futuro”
Giovana de Oliveira
A Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma resolução nomeada de Comprehensive and coordinated efforts for the management of autism spectrum disorders (em tradução livre Esforços compreensivos e coordenados para o gerenciamento de transtornos do espectro do autismo) em maio de 2014. Apoiada por mais de 60 países, a resolução reforça a necessidade da sociedade em colocar em prática as suas responsabilidades em promover o bem-estar, ampliação das discussões a cerca da temática, fornecer politicas de inclusão e estratégias eficientes para o tratamento de transtornos do espectro autista e outros problemas de desenvolvimento.
A Associação dos Amigos dos Autistas do Estado do Espírito Santo (AMAES) é uma instituição privada e sem fins lucrativos que tem como objetivo lutar pela inclusão, integração social, defesa e garantia dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista.
Quem desejar mais informações entre em contato: (27) 3327-1836

Imagem principal: livro O Menino Só.