Yan Damaceno
Primo de Sérgio Sampaio, João de Moraes Machado, 55 anos, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Espírito Santo. É músico, produtor musical, jornalista, diretor, roteirista, escritor e documentarista. Atua nas áreas de produção cultural, cinema, literatura e música.

Formado em Jornalismo pela UFRJ, o cachoeirense já foi editor pela extinta TV Manchete, diretor de jornalismo na rádio Aquidabão, colunista em jornais de Cachoeiro e colunista e cronista pelos jornais A Tribuna e A Gazeta.
A carreira no mundo do cinema é repleta de obras. É produtor executivo de vários longas metragens, curtas de ficção e documentários. Um dos destaques nesse meio é “Entreturnos”, ambientado nas cidades de Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo. O longa ganhou prêmios importantes em festivais internacionais no Chile, em Cuba e nos Estados Unidos.
De 1997 a 2000, foi Diretor de Cultura em Cachoeiro. Durante a gestão implantou o plano quadrienal Cachoeiro 2000, que incluiu a construção do Teatro Municipal Rubem Braga, o enaltecimento da cultura popular, a criação de oficinas de arte, o resgate das memórias de Sérgio Sampaio e muitas outras coisas.
João também é coordenador de alguns projetos sociais. Na Região 5, em Terra Vermelha, Vila Velha, um grupo de jovens realiza atividades culturais de cineclube, escola de informática e cidadania, fotografia, incentivo a feiras culturais e apoio em eventos comunitários.
Chancelado pelo Ministério da Cultura como Ponto de Cultura Museu do Comum – Terra Vermelha, o projeto tem a intenção de produzir vídeos na comunidade, dar cursos e oficinas de audiovisual e fotografia e registrar a cultura local.
É um trabalho com a memória da visão sobre o entorno, a formação do bairro e a história das pessoas. Há muitas entrevistas com os moradores e suas histórias comuns.
João Moraes
Perguntado sobre a carreira e o Festival Sérgio Sampaio, João revelou as conquistas, as realizações e a expectativa para o evento.
Você está mais ligado na área de produção cultural, mas já foi editor de imagens e colunista em jornais. Como é a sua relação com o jornalismo hoje?
A verdade é que eu nunca deixei ser jornalista. Eu sou compositor, trabalho com cinema e escrevo, mas a minha formação é do jornalismo. Sempre um jornalismo mais cultural, mesmo fazendo outras coisas e, às vezes, sem receber. Mas não reclamei, aceitei participar porque considero o assunto importante. Eu gosto de escrever. Talvez o que eu mais goste de fazer hoje é escrever.
João Moraes

“Intelectolices” é o seu terceiro livro e se trata de poesias. Qual o principal tema de suas poesias e de onde veio a inspiração para escrevê-las?
Eu escrevo desde pequeno. Organizei um livro de artigos acadêmicos do Sérgio Sampaio, escrevi um livro crônicas e, por último, esse de poesias. Eu devo permanecer com contos, crônicas e poesias. A minha inspiração é a palavra. Sempre há uma mensagem que escorre das palavras, independente daquela que você quer dizer. Um poema é quase um ser vivo.
João Moraes
O Festival Sérgio Sampaio chega a 13ª edição e conta com diversos artistas capixabas. O quanto esse evento é importante para você manter o legado dele?
Ajudei várias vezes no Festival, mas não participei diretamente como agora. Sou mais um nesse esforço nacional de vários nomes que trabalham a obra do Sérgio. O objetivo de todo mundo é fazer com que as pessoas tenham acesso às obras e vejam a grande envergadura dela. Também conhecer as posturas pessoais e culturais do Sérgio nessa contracultura dos anos 70. Não é questão de homenagear, mas de colocar uma lupa sobre a arte e mostrar para as pessoas a riqueza desse trabalho, pois ele certamente está no primeiro time de compositores brasileiros.
João Moraes
A sua carreira na parte audiovisual é bem extensa, com vários filmes e documentários. Qual obra mais te marcou?
São vários, mas tem um chamado “N’goma”, sobre os Jongos e Caxambus do sul do Estado. As pessoas envolvidas e o matriarcado negro mostram a riqueza desses mestres da cultura popular. Outro que me toca é o “Ai de Ti!”, uma animação que é narrada pelo Rubem Braga interpretando a crônica chamada “Ai de Ti Copacabana!”. Ele coloca como se fossem profecias desses andantes de rua.
João Moraes

No Festival, você vai participar do Bate Papo Musical. Quem for acompanhar esse bate papo, deve esperar que tipo de conversa?
Eu sou apenas o mediador. Só vou levantar a bola para o Renato Piau. Com certeza terá muita música. Ele vai ilustrar tocando muitas canções. Contará as histórias dele com o Sérgio, pois de todas as pessoas que já vieram e possam vir, é o que mais conviveu com ele. Ele foi o violonista, o grande guitarrista do Sérgio ao longo da vida. Então, é muita história que ele pode contar de coisas que ninguém sabe ainda. Quem for, só vai ouvir coisa boa.
João Moraes
Para quem vai acompanhar o Festival Sérgio Sampaio, o que esperar?
Nós estamos fazendo várias apresentações musicais no Bar do Auzílio. A gente vem realizando shows musicais, encontros e bate-papos. O show está muito redondo, empolgante, trazendo todo mundo para dentro da obra desses quatro fantásticos artistas: Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star. Esse Festival está muito especial.
João Moraes
O Festival Sérgio Sampaio chega em sua 13ª edição e acontece nos dias 12 e 13 de abril no Centro Cultural Sesc Glória a partir das 20 horas, no Centro de Vitória.