Romaria das Pessoas com Deficiência é palco de reivindicações sociais na Festa da Penha

Brendha Zamprognio

A Romaria das Pessoas com Deficiência é uma das realizações da Festa da Penha e tornou-se palco das reivindicações e de visibilidade. Os fiéis caminham um quilômetro, saindo da Praça Duque de Caxias no Centro de Vila Velha até a Praça da Igreja Nossa Senhora do Rosário. A Romaria começou em 1996 a partir da Campanha da Fraternidade que teve como tema a deficiência e, em 2019, aconteceu pela décima quarta vez.

Sendo o maior evento religioso católico do Espirito Santo, a Festa da Penha é a terceira maior do Brasil, ficando atrás apenas da comemoração da padroeira do Brasil e a do Ciro de Nazaré. A manifestação celebrando a padroeira do Espírito Santo ocorreu entre os dias 21 e 29.

Romaria das Pessoa com Deficiência é palco de reivindicações ( Foto: Bruno Laurindo/ 13ª Procissão Fotográfica – FAESA )

O evento tem como objetivo incluir a diversidade e colaborar com a acessibilidade para incentivar a imersão dessas pessoas à margem da sociedade na fé. O Frei Alessandro nascimento, 32 anos, afirma a necessidade da população em aprender a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) e tornar o meio acessível.

“Nós ainda estamos atrasados no sentido da inclusão das pessoas deficientes da igreja católica”


Frei Alessandro nascimento
Frei Alessandro nascimento conversando em libras na Romaria das Pessoas com Deficiência ( Foto: Bruno Laurindo/ 13ª Procissão Fotográfica – FAESA )

O arquiteto Ricardo Chiabai, 56, é pai e irmão de deficientes com paralisia cerebral que dependem de cadeira de rodas para a locomoção e afirma que existe uma grande dificuldade dessas pessoas se inserirem no mercado de trabalho.

“Lamentavelmente as cidades ainda não estão preparadas para pessoas cadeirantes. Temos uma das legislações mais modernas do mundo e existem leis pertinentes, mas, infelizmente, não são cumpridas”


Ricardo Chiabai

Trazendo também questões sobre política públicas, a Romaria tornou-se uma manifestação sobre o olhar social dessa população e demonstrar que em conjunto os desfavorecidos socialmente prevalecem. O Guardião do Convento de Nossa Senhora da Penha, Frei Paulo Roberto Pereira, aponta as dificuldades de visibilidade das pessoas portadoras de deficiência na sociedade.

“O deficiente era inexistente. Hoje, a sociedade já consegue o enxergar, mas ainda não é um olhara adaptado, um olhar cuidadoso e a Romaria traz visibilidade para esse grupo”


Frei Paulo Roberto Pereira
Banda de congo da APAE-Cariacica animando a Romaria das Pessoas com Deficiência (Foto: Bruno Laurindo/ 13ª Procissão Fotográfica – FAESA )

Além da religiosidade

A tradição devocional mariana foi internalizada e absorvida pela população capixaba e se tornou um marco na identidade do Espirito Santo, tornando o Convento da Penha uma representação do Estado. Fazendo parte da história capixaba desde o início, construiu-se uma abordagem não apenas do ponto de vista religioso, mas, também, social, cultural e político. O professor universitário, filosofo e teólogo Victor Nunes Rosa aponta a importância da Romaria.

“Representa um momento fundamental de inclusão social. Ao mesmo tempo que é uma denúncia contra todas as condições de exclusão social, também é um anúncio mostrando que essas pessoas merecem respeito, serem acolhidas e que somos todos imagem e semelhança de Deus”


Victor Nunes Rosa
Criança apoia a inclusão na Romaria das Pessoas com Deficiência (Foto: Bruno Laurindo/ 13ª Procissão Fotográfica – FAESA)

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