Quem Indica hoje é a professora Laís Sudré Campos. Ela formada em psicologia na FAESA e tem mestrado em psicologia social na UFES. É professora nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda e leciona a disciplina de psicologia social. A professora também faz parte do curso de Psicologia, ministrando as matérias de estatística, psicologia da aprendizagem e sexualidade. Achou pouco? Ela ainda supervisiona os estágios em práticas psicossociais e psicodiagnóstico.
Quem já teve a oportunidade de participar de suas aulas sabe que a característica mais marcante é a liberdade para o debate. O bate-papo com os alunos fluí e as histórias dentro da sala de aula são as mais diversas, desde assuntos sérios como homofobia e machismo até analisar perfil de Tinder a ver videos virais da internet, mas é claro que tudo de forma didática para facilitar o ensino.
Para alguns a psicologia pode ser uma matéria difícil de entender ou até entediante, mas com Laís isso não existe. Tanto que ela usa os mais diversos exemplos para ilustrar até a mais complexa teoria. Exemplo disso é o behaviorismo, que é o estudo do comportamento humano e animal com base em estímulos e reações. Para explicar usou o exemplo do seu gato, Nico.
Nico sempre arranhava a porta do quarto de Laís, então ela tentou usar o behaviorismo para que o gato parasse de arranhar a porta, mas parece que nico é mais esperto do que Laís imaginava e não deu muito certo. Nico continuou arranhando a porta.
Livro
O livro que Laís cita, aborda algo que é muito discutido em sala de aula: uma distopia. Também conhecida como antiutopia, a distopia é um futuro em que o totalitarismo, autoritarismo e a opressão são bases da sociedade.
Laís fala sobre “1984″. O livro retrata a sociedade atual de uma forma distópica. Criado por George Orwell, a obra mostra como somos controlados pela mídia e pelo medo. Apesar de ser um romance, a história traz um futuro totalitarista em uma sociedade vigiada por câmeras. Esse livro também foi uma das inspirações para o programa Big Brother.
Em contrapartida, Laís cita “Admirável Mundo Novo”, escrito por Aldous Huxley, o livro que também retrata uma distopia. A professora explica que o livro produz reflexões profundas. “O livro fala como vamos ser vencidos pelo amor. E que vamos gostar tanto da tecnologia que ela vai nos destruir, acabando com as relações interpessoais”. Uma curiosidade é que os dois livros são usados nas aulas dela.
Filme
Fugindo dos clássicos hollywoodianos, Laís fala sobre um filme francês. O “Fabuloso Destino de Amélie Poulain”. A obra fala sobre Amélie, uma menina que cresce isolada das outras crianças por um problema no coração, mas a trama se desenrola quando já adulta ela passa a querer ajudar as pessoas a realizar pequenos desejos, afim de deixá-las mais felizes.
Série
Seguindo as distopias tão amadas pela Laís, temos “The Handmaid’s Tale”. A série americana mostra um futuro em que uma facção católica toma o poder dos Estados Unidos. Nessa distopia as mulheres são usadas apenas para a reprodução, já que a fertilidade das mulheres decai por uma série de motivos.
“A série fala sobre a mulher atual. Mesmo projetando isso para o futuro, da para ver questões que podem ser relacionadas hoje: machismo e violência contra mulher”, diz a professora.
Outra série lembrada por Laís foi “Black Mirror”. A cada episódio nos é apresentado uma história em um futuro distópico completamente diferente do anterior. Com uma análise contemporânea da tecnologia, do caminho que o ser humano vai seguir a partir dos avanços tecnológicos e, em alguns casos, a participação do governo nisso.
Laís relaciona as séries com o livro “1984”. “Elas projetam, mas falam de coisas que estão acontecendo hoje. Não é esse futuro longe. As duas cabem muitas análises sociais”, completa.
Música
Mesmo com vergonha de ser “brega”, como ela mesmo conta, Laís gosta de rock, principalmente alternativo e indie. A banda indicada é Strokes, o grupo americano criado em 1998, mais especificamente o álbum “Is This It”, o primeiro disco a ser lançado. Mesmo com a decadência da banda, Laís relata que o grupo ainda tem um lugar especial no coração.
DICA
Laís indica, mas também da dicas. A dica é:
“Mantenha-se atualizado. Entenda as discussões que têm acontecido na nossa sociedade, no mundo e na cidade. Sem isso, acredito que não da para partir para lugar nenhum. Se você não entende de onde você parte nessa discussão, qual será o posicionamento e qual será seu ponto de vista. Ter essa noção do contexto social, politicamente falando, socialmente falando e culturalmente falando é essencial”
Para Psicologia
“As opressões que estão presente na sociedade, elas aparecem no setting terapêutico. Elas aparecem na clinica. Se você não entende as consequências do machismo, do racismo, da homofobia, das opressões que estão colocadas, como você vai auxiliar alguém a lidar com as situações que surgem a partir disso?”, questiona Laís.
Profissionais na área
Laís traz profissionais de diferentes área, das mais diversas especificações, cada um com um foco diferenciado, mostrando seu conhecimento sobre autores, profissionais e pesquisadores dentro da psicologia.
Laís fala sobre Serge Moscovici. Apesar dele não ser psicólogo, mas um sociólogo, ele fala das representações sociais. Henri Tajfel é um dos principais autores sobre aspectos cognitivos do preconceito e teoria da identidade social.
Laís cita também autoras, principalmente brasileiras, que discutem psicologia social: Sílvia Lane e Silvia Helena Koller são as referências dela. Laís também tem um olhar especial para as reflexões que envolvem as questões de gênero e sexualidade.
Revistas
Laís apresenta a revista Rolling Stone, que fala sobre música e cultura no geral, além de abordar a atualidade e o que tem acontecido na cultura jovem. A segunda revista é a Zero, que também trabalha temas culturais. A revista saiu de circulação.
Um momento histórico
Laís mostra seu conhecimento sobre história do movimento LGBTQI+ e cita como um grande momento histórico, o movimento Stonewall iniciado em 1969. Laís explica que nos Estados Unidos, quando as pessoas saíram nas ruas pelos direitos, se iniciou uma espécie de movimento da parada gay e do movimento LGBTQI+. Nessa época era um bar que, depois de todos os acontecimentos, se tornou o movimento de Stonewall”.
O Stone Wall foi um bar exclusivamente para o público home e que foi invadido pela policia e fechado por vender bebida alcoólica ilegal. A inserção da policia foi sem aviso prévio e após isso a comunidade LGBTQI+ foi as ruas com manifestações protestando por seus direitos.