Olhares da Fé: Voluntários

Um jeito diferente de participar da Festa da Penha

Kebim Tamanini

A Festa da Penha é o maior evento religioso católico do Espirito Santo. Em 2019 a festa completou seu 449° ano de comemoração a padroeira do estado. Para realizar as festividades da Penha são centenas de voluntários necessárias que trabalham na realização das solenidades. Os trabalhos são inúmeros como na limpeza, cozinha, lazer das crianças, coleta do dizimo, nas missas, ministros de eucaristia, romarias e vários outros setores.

O tema da festa deste ano foi “Eis aqui a serva do Senhor” retirado de um versículo bíblico em Lucas 1, 38. Foi quando Maria ficou sabendo que seria mãe de Jesus e espontaneamente disse o mote ao anjo. Uma analogia dos voluntários à Virgem Maria é de aceitar o projeto de Deus, como os voluntários da festa que também se colocaram à disposição dos serviços do Convento da Penha em suas comemorações.

No ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou a pesquisa Outras Formas de Trabalho e veiculou que 7,4 milhões de brasileiros participam de trabalho voluntário. O aumento é de 12,9% em relação a 2016. O trabalho voluntário no Brasil é regulamentado pela lei 9.608/1998. É considerado trabalho voluntário as atividades sem fins lucrativos, sendo uma contribuição bem vista na sociedade, pelo fato de ajudar a quem precisa.

A idade não se justifica para deixar de ajudar, pois são diversas pessoas de faixa etária diferentes que se entregam de corpo e alma. São crianças, jovens, adultos e idosos que com seu talento, prestam serviços ao Convento durante todo ano. Humildade, paciência e respeitar as pessoas são uma das principais ferramentas para que o trabalho do voluntário possa se destacar no evento.

Noêmia Fachetti,78, voluntária há 29 anos, conta a emoção que é colaborar com a festa mariana.

Uma emoção muito grande, muito mesmo, o ano todo a gente fica contando com a festa que irá chegar, quando a festa acaba já se tem uma vontade que comece tudo de novo porque é muito gratificante celebrar a minha devoção a Nossa Senhora

Noêmia Fachetti

Associação

O Convento da Penha se mantém de doações dos fiéis e turistas que visitam a capela. No ano de 1996, um grupo de 18 pessoas se reuniu para criar Associação dos Amigos do Convento (AACP) que tem a finalidade de assegurar a manutenção e conservação do principal ponto turístico do Espírito Santo. A partir desse grupo, começou a se fazer as arrecadações dos associados que são destinadas as necessidades do Santuário.

O sentimento em ajudar a instituição tem a ver com a emoção que move os voluntários ajudarem a conservação desse monumento histórico. A presidente da associação, Arlette Uliana,70, relata o sentimento de desempenhar o papel do voluntário num ambiente religioso.

O trabalho voluntário, nós da associação fazemos com amor e dedicação. Para ser um voluntário você tem que gostar daquilo que você faz e se dedicar inteiramente, pois as demandas são muitas e você é exigido a todo momento, e com tudo isso, vem a devoção a Nossa Senhora da Penha que nos auxilia nesse trabalho

Arlette Uliana

A AACP juntamente com a Mitra Arquidiocesana e a província do Convento são as organizadoras dos festejos que acontecem sempre na semana seguinte da Páscoa, que se reúnem para montar as estruturas das celebrações comemorativas. Hoje, o grupo de amigos prestam serviços no Santuário como: pintura e manutenção da igreja e arredores, funcionários para a limpeza, colaboração nos eventos festivos e secundários, entre outros.

Visão do organizador

A Festa da Penha é feita principalmente pela participação dos voluntários, e foram mais de 600 voluntários na edição deste ano, que não se dedicam somente os oito dias do Oitavário da Penha, mas antes se preparam nas missas e celebrações onde acontece momentos de reflexão para que possam servir com alegria dentro das programações.

Cada vez mais, o trabalho voluntário tem sua importância reconhecida pela sociedade. O Frei Paulo Roberto Pereira, 52, guardião do Convento e organizador da festa mostra a importância de a colaboração das pessoas para o evento acontecer.

Sem voluntários, não tem festa. A festa é uma convergência de boa vontade e tem que caminhar nessa direção. E isso é necessário porque tem muitas deficiências como a do transporte, acesso, vai ficar muito tempo em pé, e se não ter boa vontade, não tem Festa da Penha

Frei Paulo Roberto

Sociedade

O voluntário é a pessoa que doa seu tempo, trabalho e talento para o interesse social a fim de melhorar a qualidade de vida comunitária. O voluntariado hoje é a união de pessoas competentes e comprometidas que exercem importante papel integrador na sociedade. Esta atividade de cidadania é, portanto de todo cidadão, que tem como atividade ligada ao desenvolvimento da globalização a situações socioeconômicas do país.

Os valores éticos e morais que agregam na vida pessoal de cada colaborador é de parar suas vidas particulares e afazeres do cotidiano, como por exemplo o trabalho, e passam nesse período de festejo a contribuir como voluntário, portanto, deixam de pensar nos aspectos da individualidade, e se tornam mais coletivos nas festividades. Os cooperantes acabam levando positivamente da festa, o sentido de colaborar ajudando o próximo, deixando de ser singular no cotidiano e aprendem a trabalhar no rumo da pluralidade nos diversos meios das celebrações da Penha.

O sociólogo Leonardo Porfirio, 28, diz sobre importância do trabalho voluntário para sustentabilidade de organizações não-governamentais, como o Convento da Penha.

Como são entidades que promovem uma alta rotatividade de pessoas, e as mesmas frequentam esses espaços, precisam da ação desses voluntários para que o evento se sustente, como não possuem vínculos com poder público e com algumas vezes não arrecadam ao ponto de alto sustentar, e os “homens de boa vontade” que contribuem o sucesso da organização”

Leonardo Porfirio