Karen Benício
A sociedade evoluiu e as forma de se comunicar acompanharam essa tendência. As redes sociais vieram para agilizar a informação, facilitar relacionamentos e encurtar distâncias ao conectar pessoas de várias partes do mundo. Em contrapartida, é possível observar também o enfraquecimento de relações interpessoais. Esse canal acarreta no individualismo e dependência.
Outro aspecto analisado pelo uso dessa mídia é a oportunidade de reunir grupos de interesses e características semelhantes em um curto período de tempo. Tal união pode ser observada como uma maneira de mobilização para aderir a propostas e a movimentos. Desse modo, ela pode interferir na consciência, influenciando-a e servindo como instrumento de mobilização social em defesa de crenças e de direitos.
A professora Lorena Gaigher Storch, 29 anos, declara que, dez das vinte e quatro horas de um dia, são para o uso das redes sociais. Entre as preferidas, o Whatsapp e Instagram lideram. Questionada se em algum momento consegue deixar essas mídias de lado, ela disse que somente quando está em sala de aula. “Consigo deixá-las de lado quando estou trabalhando para a minha atenção ficar somente no aluno ou no texto que estou corrigindo”, relata.

Lorena admite ainda que age influenciada por grupos de rede e que compartilha e adere a mobilizações na internet.
Eu sempre ajo influenciada por esses costumes que surgiram com as redes, tipo: publicar foto antiga na quinta-feira com a hashtag #tbt, desafio dos 10 anos, etc. Considero positivo e negativo ao mesmo tempo. Positivo porque conheço um pouco mais sobre as pessoas que fazem parte das minhas redes e negativo porque essas informações podem ser utilizadas por hackers, por exemplo
Lorena Gaigher Storch

A estudante Rafaela Langa, 27 , também se considera uma usuária ativa das redes sociais. Em média, ela passa 12 horas conectada, a depender do horário em que acorda e vai dormir. A jovem afirma que esse hábito se tornou um vício. “Querendo ou não, acabo ficando presa e isso se torna um vício. Contudo esses são os meios por onde fico sabendo de tudo que está acontecendo ao meu redor ou pelo menos quase tudo”, relata Rafaela enquanto digita no celular.
Vigiar e punir
Um estudo realizado pelo filósofo Michel Foucaut no livro “Vigiar e Punir” diz respeito ao modo como o Governo é capaz de controlar a vida dos cidadãos (vigilância e onisciência) e, paralelamente, punir comportamentos e pensamentos que não estão de acordo com a ideologia do regime instaurado. Nele, o Estado exerce o poder nos indivíduos de tal forma que eles concordam e aceitam como verdades os castigos estabelecidos por entender que são apenas maneiras de correção e aprendizado.
Relacionando esse conceito com as redes sociais, é possível entender que um integrante de uma comunidade virtual é capaz sofrer punições caso não cumpra com as determinações do grupo, sendo essas vigiadas e impostas.
A psicóloga Lívia Maria Maulaz Freitas, 27 anos, avalia que as pessoas não estão sabendo utilizar conscientemente as redes sociais. A mídia mostra sempre o lado positivo da vida e isso gera comparações.
As pessoas se comparam o tempo todo umas com as outras e costumam ficar reféns das redes sociais
Psicóloga Lívia Maria Maulaz Freitas

Lívia acrescenta que a influência existe em qualquer aspecto, pois as pessoas se comunicam pelas redes sociais e é inevitável não ser influenciado por ela. Perguntada sobre maneiras de driblar essa situação, a psicóloga respondeu que é possível manipular o acesso aos conteúdos.
Se organizarmos os conteúdos no qual queremos ter acesso, conseguimos manipular a forma como somos influenciados pelas redes sociais
Psicóloga Lívia Maria Maulaz Freitas
A especialista explica também que todos são vigiados e vigiam na internet, pois esse rede expõe as pessoas e outras têm o prazer em assistir. Para ela, ações e pensamentos podem ser avaliados a depender do que é postado ou não. E isso é um instrumento de vigilância. Ela finaliza afirmando que um indivíduo pode ser punido caso não se enquadre no grupo da rede, mas isso também pode acontecer fora dela.
Acredito que isso pode acontecer tanto dentro quanto fora das redes sociais. Também há a questão da afinidade, caso você não se enquadre em um grupo, o afastamento é normal
Psicóloga Lívia Maria Maulaz Freitas
Edição: Andressa Alves
Foto de Destaque: Karen Benício