Michel Lisboa
O medo da solidão e a baixa autoestima são fatores que mantêm as pessoas reféns de um relacionamento aprisionador. Brigas por motivos fúteis, ameaças de término, abuso psicológico e chantagens emocionais levam as pessoas a situações de escravidão mental.
Em uma relação de 1 ano e 3 meses, uma estudante, que prefere não se identificar, conta que desde os 9 meses de namoro já sofria abuso psicológico do ex-parceiro. De acordo com a estudante, o relacionamento foi muito mais intenso do que imaginava.
Aconteceu que, no início, eu pensava que vivia em um relacionamento normal. E, com o passar do tempo, comecei a perceber que não me via sem aquela pessoa
Estudante que prefere não ser identificada

Entre os problemas enfrentados durante o período no qual manteve a relação, a estudante conta que apesar de não ter sofrido abuso físico, sofria, diariamente, abuso psicológico. A estudante relata ainda que episódios repletos de pressão psicológica eram frequentes ao ponto de acontecerem chantagens. Sentia-se mal e sem saída para a situação.
A neuropsicóloga Eliana Sampaio explica que a escravidão mental é definida como uma relação de poder, na qual existe o proprietário e a propriedade: nesse caso são duas pessoas. Então, os indivíduos vão vivendo num estado análogo e de escuridão. “A dependência pode ser econômica ou psicológica e, assim, abre-se uma lacuna. Quem abre essa lacuna é a vítima, tornando possível para que o outro seja o abusador”, explica Eliana Sampaio.

Liberdade
Muitas vezes o maior desafio para quem se encontra em um relacionamento abusivo é encontrar a saída. A estudante relata que, para se esquivar dos incessantes abusos, apoiou-se na religiosidade. “Sou uma pessoa de muita fé e isso me auxiliou bastante. Pedia a Deus que me ajudasse a sair dessa, pois sabia que sozinha não conseguiria. Até que, enfim, o final do ano chegou e, como meta de vida, estabeleci que, no início do ano seguinte, terminaria o namoro. No dia 03 de janeiro de 2017, eu coloquei um fim no relacionamento”, enfatiza a estudante.

São vários fatores que contribuem tanto para ficar quanto para sair do relacionamento. Uma é ter ajuda de fora. A outra é ter que passar por um acompanhamento e tratamento psicológico para que a pessoa tenha a reestruturação do ego, pois, diante dessa situação, ela está completamente destruída
Eliana Sampaio
Aprendizado
A estudante relata que, após a situação vivida, sente-se feliz e corajosa. “Compreendi que passei por aquela situação para aprender que posso viver muito bem independentemente de ter alguém para me relacionar. Descobri que o meu amor próprio me basta. Passei por situações difíceis no meu antigo namoro e, hoje, compreendo que isso serviu para o meu crescimento pessoal, mental e espiritual”, declara a estudante.
Foto Ilustrativa do destaque: Kat J/unsplash.com
Edição: Diogo Cavalcanti