Os costumes, hábitos, crenças, leis, a própria arte e entre outras diversas aptidões podem caracterizar a formação da cultura de um país. As diferenças culturais pelo mundo criam uma identificação específica em cada região. Não apenas a língua materna pode simbolizar uma nação, mas a maneira como vivem e decidem se portar como sociedade. Tudo que engloba a preservação cultural não só caracteriza um povo, mas mantém a força e união entre eles.
Na terceira reportagem multimídia da série especial “Imigrantes no ES”, você irá entender de que forma a cultura capixaba conquista pessoas de outros países a fixar moradia no Espírito Santo. Os africanos Eitel e Christy contam um pouco dos encantos e identificações desde a chegada. Antes, confira as duas matérias que abrem a série: “Um novo lugar para chamar de casa” e “O acolhimento capixaba”.
O processo de adaptação e identificação em outra cultura é um desafio que muitos imigrantes tendem a passar quando buscam uma nova estadia. O que era normal no país de origem pode ser considerado totalmente inadequado e vice-versa. No Brasil, a dificuldade de se encaixar na cultura não costuma ser tão grande, pois o País já vem de uma enorme mistura de raças e etnias, a miscigenação.
Para o professor e sociólogo Aloísio Fritzen, 62, a mistura de culturas é o que compõe a história e realidade do Brasil, fazendo com que um pouco de cada canto do mundo esteja representado nas terras brasileiras.

Toda ampla diversidade cultural faz com que o imigrante encontre maior facilidade de assimilação
Aloísio Fritzen
Aloísio Fritzen completa que para superar algumas diferenças e dificuldades culturais, o maior segredo é o tempo. Para o sociólogo ainda, essa é a melhor maneira de adaptação com uma realidade totalmente nova, que pode gerar medo e dúvidas sobre a permanência. “As tradições e os hábitos são processos que se moldam ao longo prazo”, evidencia.
Identificação
Um apartamento em um bairro caracterizado por repúblicas estudantis, dividido com mais dois colegas e com características jovens e masculinas. Uma série na televisão, jogos de videogame pelas estantes da residência, uma bicicleta na garagem e poucos móveis compondo a sala principal. Nada de diferente que um jovem capixaba não costuma ter em casa.

Esse é local de moradia do imigrante e estudante de engenharia elétrica Eitel Alex, 24 anos. O jovem é de Camarões, na África, e veio há 4 anos para o Estado por meio de um programa de estudos do governo africano. Mais conhecido pelos amigos como Alex, os gostos e costumes do rapaz o caracterizam como um típico universitário capixaba.
Totalmente adaptado com a cultura regional, Eitel conta um pouco sobre as maiores paixões que descobriu no território capixaba. “Amo o município de Santa Tereza. Amo o clima e as trilhas que consigo fazer por lá. Além também dos festivais de vinhos”. Ele é fã ainda de torta capixaba e brigadeiro e diz querer conhecer muito mais sobre a cultura, sem esconder o amor pela região. “De todos os lugares que visitei no Brasil, gostei muito mais do Espírito Santo”, lembra.

O jovem não esconde que sente muitas saudades de alguns hábitos típicos e específicos da região de Camarões, como: as roupas culturais, alguns pratos e uma maior diversidade de religiões e línguas. Por mais que existissem essas barreiras, a adaptação foi rápida e ele diz não se arrepender da escolha que fez, mesmo um dia pretendendo retornar para o país de origem para reencontrar familiares e amigos que faziam parte do ciclo social.
Beleza

Em apenas dois meses nas terras capixabas, a imigrante e estudante de Geografia Christy Delgado, 20, de Cabo Verde, também do continente africano, definiu o Espírito Santo de maneira rápida e decisiva. “Beleza”. Por ser uma das maneiras mais fáceis de encontrar trabalho na futura área de atuação, a jovem, da mesma maneira que Eitel, veio para estudar. Mesmo conhecendo pouco do Estado, já se apaixonou pelo que viu.
A vegetação pela capital é uma das características principais que chamaram a atenção da universitária. Com familiares que já moram aqui há algum tempo, ela pretende conhecer mais lugares como o município de Guarapari e afirma ter encontrado beleza até mesmo dentro dos transportes públicos durante o dia a dia. “Quando ando de ônibus na beira-mar, em Vitória, é lindo, me encanta”, comenta.

“IMIGRANTES NO ES”
FOTOGRAFIA DE DESTAQUE
Sabrina Heilbuth
FOTOGRAFIA DA ARTE
Zanete Dadalto
EDIÇÃO DE ARTE E FOTOGRAFIA
Luisa Nassur / LACOS
ORIENTAÇÃO
Valmir Matiazzi
FINALIZAÇÃO
Matheus Metzker