Gabriel Barros
Queimadas, desmatamentos, descarte incorreto de resíduos e a poluição causada pelas indústrias são apenas alguns exemplos de ações que, a longo prazo, prejudicam a vida do planeta. Atitudes como jogar um simples pedaço de papel na rua pode trazer sérios transtornos, principalmente, em dias de chuva. Muitos dos desastres naturais vivenciados na atualidade são frutos da irresponsabilidade ambiental da sociedade.
Preocupado com a situação do planeta, em 2017, o pesquisador norte-americano Roland Geyer publicou uma pesquisa na revista Science Advances na qual estima que já foram produzidas cerca de 8,3 bilhões de toneladas de plástico no mundo. Vale lembrar que esse material leva aproximadamente 450 anos para se decompor e que cerca de 10 milhões de toneladas vão parar nos oceanos, colocando em risco o ecossistema marinho.

Há pessoas que já perceberam a gravidade dos danos que esse e outros materiais causam para a biosfera. A funcionária pública Magarett Barros faz questão de separar os resíduos recicláveis dos orgânicos. Ela leva todo material que pode ser reciclado até os ecopostos espalhados pela cidade onde mora e lembra que além dos gestos singelos que todas as pessoas podem praticar, é preciso que o poder público também cuide da cidade, incentive iniciativas sustentáveis e promova a conscientização da população.

A canadense Jessica Clements mora do Brasil há 5 anos e desde que chegou percebe a diferença no comportamento das pessoas em relação as questões sustentáveis. Ela conta que no Canadá o hábito de separar os resíduos está entrelaçado na rotina das pessoas. Quando chegou ao Brasil, Jessica se deparou com outra realidade. O choque fez com que Jessica adotasse outros hábitos de preservação da natureza. Hoje, ela não usa mais produtos de limpeza industrializados, utiliza sacola retornável para fazer compras no supermercado, adotou um paladar orgânico e promove a conscientização no ciclo de amizades.

A mudança de comportamento começa com pequenas ações. Esse é o caso da bióloga Bertha Nicolaevsky, que começou em poucas atitudes e, hoje, possui no quintal da casa uma composteira para transformar os resíduos orgânicos em adubos para a horta. Além disso, ela também evita usar produtos industrializados e faz questão de deixar todos os animais que aparecem no jardim usufruir do espaço, afinal eles fazem parte do ecossistema. Bertha ressalta que o importante é dar o primeiro passo.
“Coisinhas simples já fazem a diferença. A gente pode dar o exemplo para as pessoas. Quem convive com você percebe o quanto essa atitude sustentável é importante
Bertha Nicolaevsky, bióloga.

Preservação de animais
As transformações dos habitats, a exploração de recursos naturais, a poluição, as mudanças climáticas e diversos outros pontos podem ser observados quando se fala em meio ambiente. Entre eles o crescente risco de extinção de espécies da fauna e flora. Esse quadro evolui para um cenário devastador quando levado em consideração os resultados do efeito estufa.
Em maio, a comissão da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema (Ipbes) da Organização das Nações Unidas divulgou o relatório que aponta que um milhão de espécies estão ameaçados de extinção. Elaborado por 150 pesquisadores de 50 países diferentes, o documento inclui animais terrestres, marinhos, pássaros e plantas.

Há três anos, o pesquisador norte-americano Roland Geyer publicou os seus estudos na revista Science Advances. No artigo, ele aponta que apenas 9% dos resíduos de plástico são reciclados e que 10 milhões de toneladas do material estão em decomposição nos oceanos.
A presença desse material nas águas é a principal causa de morte de tartarugas marinhas. Para mudar esse quadro, projetos de preservação estão ampliando a atuação. O projeto Tamar, por exemplo, surgiu em 1980 para amparar a reprodução e a conservação de tartarugas marinha. A coordenadora de pesquisa e conservação do Tamar Ana Claúdia Marcondes destaca as diferentes áreas de atuações do projeto como a realização de pesquisas, o incentivo da educação ambiental e o empenho na preservação das cinco espécies de tartarugas que fazem parte da lista de animais que correm o risco de extinção.

O biólogo Valter Có colaborou na implementação do projeto no Espírito Santo e se orgulha de falar da revolução do modo de enxergar iniciativas de preservação. Mais do que cuidar dos animais, o Tamar possibilita a reeducação de toda a comunidade ao redor. Um exemplo está na contratação dos caçadores de tartarugas para que eles cuidem dos pontos de desova. Ele ainda destaca a importância de valorizar o trabalho feito por projetos como esses. “É um grupo de pessoas que dedicam a vida inteira para proteção desses animais. Essas pessoas precisam ser aplaudidas de pé”.
Outro grupo que trabalha na preservação de espécies de animais em extinção é o Projeto Caiman. A iniciativa dedica-se ao monitoramento populacional da espécie de Jacaré-de-Papo-Amarelo, ao resgate desses animais em zona urbana, à educação ambiental e à capacitação de jovens cientistas para pesquisas. A estudante Brenda Ferraz trabalhou no projeto por dois anos e, atualmente, é estagiaria voluntária. “Os projetos que envolvem a proteção de determinadas espécies zelam por sua segurança e perpetuação na natureza”, explica. Ela sabe da importância de preservar esse e outros animais da Mata Atlântica.
Edição: Nathália Gonçalves Ferreira
Imagem da Capa: FreePik