Gabriela Jucá
Nada mais corriqueiro para um jornalista do que ter a atitude de ligar para as fontes. No entanto, independentemente de quem seja do outro lado da linha, você nunca sabe o que te espera. Às vezes, são “ois” carrancudos, “boa-tardes” desgostosos. E, em uma pandemia, o faro, mesmo que auditivo, se torna ainda mais apurado por quem se mostra de verdade – simples, generoso e carismático.
Foi assim, a distância, que o FaesaDigital bateu um papo com o jornalista e egresso da FAESA, Leandro Fidelis, vencedor da 5ª edição do Prêmio Alltech de Jornalismo, premiação internacional que reconhece trabalhos jornalísticos sobre inovação e tecnologia no agronegócio brasileiro.
Muito além de vencedor desse e de vários outros prêmios – são 19 no total -, foi possível conhecer um cara falador, extremamente simpático e um grande valorizador das próprias raízes do interior. Em entrevista, ele contou um pouco sobre a própria trajetória.
Leandro se define como alguém que gosta de estar no interior e fazer longas caminhadas. Carioca, de mãe capixaba e pai mineiro, veio para Venda Nova do Imigrante, interior do Espírito Santo, aos 12 anos. “Minha mãe me achava urbanoide demais. O meu irmão era mais chegado para a vida no campo. Foi tudo ao contrário”, diz, aos risos.

Não à toa, a paixão pela natureza e pelo campo veio de berço. O pai de Leandro, que sonhava em ser agrônomo, sempre foi fã de Globo Rural e por todas as temáticas que envolvem o interior. Quando ingressou no Jornalismo na FAESA, muitos anos depois, repetia os costumes do pai.
Era o único aluno que lia Globo Rural na sala de aula. Sempre gostei dos temas. Só não sabia que a vida iria me conduzir a trabalhar com minhas duas paixões: jornalismo e a vida rural
Leandro Fidelis
Curioso desde jovem, na escola uma professora o orientou a prestar vestibular para Comunicação. Ainda pensando sobre o que fazer, começou a ser redator no jornal Folha da Terra, em Venda Nova do Imigrante. Logo depois, ingressou no curso de Publicidade na São Camilo, ainda assim, sem entender muito bem o que estava fazendo. “Era muito engraçado. Via que não era para mim. Meu negócio era escrever, trabalhar com Jornalismo”, diz Leandro, que nunca chegou a exercer a primeira graduação.
Leandro Fidelis em ação Leandro Fidelis em ação
Como sempre gostou de estudar, não parou por aí. Fez mestrado na Universidade de Turim, na Itália, trabalhou na rádio, foi freelancer e exerceu as demais atividades do mundo da comunicação, mas sempre com o olhar para o interior capixaba. Todos os caminhos da vida sempre o levaram de volta para o campo.

Foi somente depois de um bom tempo de “estrada” na profissão que Leandro decidiu que deveria seguir o sonho antigo de fazer a graduação em Jornalismo e ingressou na FAESA. “Fui muito comprometido em estudar com o tempo que eu tinha. Era precioso o tempo. Também foi tranquilo graças ao excelente corpo docente”, destaca.
Vida atual e Prêmios
Desde 2017, Leandro Fidelis é jornalista da revista Conexão Safra, que pauta o agro capixaba. Foi com ela que arrematou o último Prêmio Alltech de Jornalismo, com a reportagem “Café commodity x especial: vale a pena investir?”, veiculada na edição nº 38 de junho de 2019.

A reportagem de Leandro concorreu, na mesma categoria, junto a uma reportagem do Globo Rural, publicação que sempre foi a referência dele. Apesar do prêmio, ele garante que não se envaidece. “Não fazemos matérias para prêmios. Ficamos felizes de saber que fazemos um bom trabalho”, destaca. E ainda acrescenta que é preciso dar espaço a todas as vozes: “Uma hora sou eu, outra hora pode ser outra pessoa. Temos que sempre nos apoiar”.
É nessa ideia que Leandro afirma que, para ser um bom jornalista, é preciso estar aberto às diversidades. Estar aberto a ouvir e entender quando está diante de uma boa informação são essenciais para seguir a carreira.
Tem que ter um olhar diferenciado e saber filtrar as informações. Caso contrário, nos tornamos só mais um na multidão
Leandro Fidelis
Edição: Gabriela Jucá
Foto de Destaque: Karol Minete/Studio Minete