Clara Fafá e João Vitor Tavares
Quando falamos em filmes nacionais, o senso comum nos leva a pensar em comédias besteiróis sem reflexões e sem enredos mais elaborados, porém o Cinema Brasileiro vai muito além. Preocupados com esse “senso comum”, buscamos no vasto acervo da plataforma de streaming Netflix obras nacionais de diversos gêneros que merecem a sua atenção e elaboramos uma lista com cinco títulos disponíveis para fugir desse estereótipo e, assim, valorizar a nossa cultura e o nosso Cinema.
Que Horas Ela Volta?
O filme que Horas Ela Volta foi lançado em 2015, dirigido por Anna Muylaert, narra o contraste entre uma família rica e Val, uma empregada doméstica vivida de forma brilhante por Regina Casé. Val é uma nordestina que deixa para trás tudo o que tem e vai para São Paulo em busca de uma vida melhor para a filha. Ela passa a morar na casa dos patrões, que a consideram “parte da família”, mas será que ela realmente é tratada assim?
Com uma narrativa atual, necessária e profunda, o filme dá visibilidade a várias questões sociais interessantes como a desigualdade social, direitos trabalhistas e sistema de cotas. Uma comédia drama que vai provocar reflexões e transformar o olhar de quem assiste.
Lixo Extraordinário
O premiado filme Lixo Extraordinário (2010) mostra o trabalho de Vik Muniz, um artista plástico que trabalha com materiais não convencionais, no Jardim Gramacho, Rio de Janeiro. O lugar é o maior aterro sanitário da América Latina. Além de ter sido indicado ao Oscar de melhor documentário de longa-metragem, Lixo Extraordinário é vencedor de dois Grandes Prêmios do Cinema Brasileiro (melhor longa-metragem de documentário e melhor montagem de documentário) e do Festival de Sundance e de Berlim na categoria prêmio do público para melhor documentário internacional.
Ao longo do documentário conhecemos um lado mais humano do aterro sanitário. O ambiente é hostil, insalubre e estigmatizado. É fascinante como o artista dá voz aos coletores de lixo que são “invisíveis” socialmente, mas, também, têm histórias e personalidades bastante ricas e interessantes. Além disso, esse filme demonstra como a arte e a cultura têm o poder de transformar vidas e de enxergar a humanidade nas pessoas.
7 Prisioneiros
O filme 7 Prisioneiros conta a história do jovem Mateus, que parte do interior de Minas Gerais para São Paulo com uma promessa de emprego em um ferro-velho. Contudo, chegando ao lugar, descobre que nem tudo “são flores”. Corrupção, tráfico humano e situação análoga à escravidão é o que o jovem enfrenta durante a vida na metrópole. O destaque fica para a atuação fenomenal do Rodrigo Santoro e do jovem ator Christian Malheiros, conhecido pela série “Sintonia“, também presente na plataforma Netflix. É um filme muito bom e você ficará um tempo refletindo depois que terminar de assistir. O filme 7 Prisioneiros foi lançado em 2021
Estômago
O longa-metragem Estômago de 2007, dirigido por Marcos Jorge, apresenta a vida de Raimundo Nonato (João Miguel), o qual descobre ter muito talento para cozinhar. Raimundo aparece em um presídio no tempo presente do filme e vai alternando para o passado dele até chegar ao presídio. O jogo de cena temporal faz com seja gerada uma ânsia para descobrir a razão da prisão de Raimundo, que, até então, parecia ser um homem calmo e honesto. Com aromas de excentricidade, uma pitada de humor e um toque de suspense, o filme é uma ótima pedida para você se entreter na Netflix.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
O longa Hoje eu quero Voltar Sozinho conta a jornada de autoconhecimento, descoberta e aceitação da orientação sexual de Leonardo, personagem de Guilherme Lobo, um jovem estudante com deficiência visual. Além da falta de acessibilidade, Leonardo tem que conviver com o preconceito diariamente e se não fosse por sua melhor amiga Giovana (Tess Amorim) seria totalmente excluído pelos outros colegas da escola, mas, quando Gabriel (Fabio Audi), um aluno novato, chega ao colégio, tudo muda.
Vencedor do prêmio Teddy Award de Melhor Filme, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, lançado em 2014, assim como “Que Horas Ela Volta”, promete provocar reflexões relevantes em quem assiste. O romance do diretor Daniel Ribeiro conta com um pouco de drama, na medida certa, em alguns momentos da história, mas, sem perder a leveza da narrativa, revela uma história de descobertas comovente.
Edição: Clara Fafá
Imagem do Destaque: Clara Fafá
Texto foda!! Cinema brasileiro tem que ser valorizado
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