Loren Peterli
Ingrid Victória Sepulveda Ribeiro, carinhosamente chamada de Victtoria, 27 anos, atua como empreendedora há 10 anos e essa história tem vestígio na tradição familiar, pois a mãe filha tinha junto com a filha uma loja de roupas e alternava o espaço com um estúdio de tatuagem. Com o passar dos anos, a mãe, tatuadora, ensinou a arte da tatuagem para a filha e, assim, nasceu a Victtoria tatuadora. Tudo começou em 2012 quando a mãe sentiu a necessidade de ensinar algo a mais para a filha ter uma realização própria, sem depender de trabalhar para ninguém.
O meu ponto de partida sempre foi a minha mãe. Ela sempre tentou de tudo. Ela não foi sempre tatuadora. Ela fez várias coisas e essa força de vontade dela que me motiva. Minha mãe foi empreendedora de até de vender balinha na porta da escola. Ela fez tudo que tinha que fazer para vencer na vida
Ingrid Victória Sepulveda Ribeiro
A trajetória dos lugares percorridos é longa por Victtoria. Tudo começou em Minas Gerais, especificamente em Belo Horizonte, depois mudou para o Espírito Santo, na Serra, e partiu para Santa Tereza. Em seguida, retorna a repetir o ciclo até chegar em Vitória. Hoje, está fixada na capital e não pretende sair tão cedo. Ela afirma que esse costume de mudar muito atrapalha os negócios e a vida e que o melhor é se estabelecer em um endereço fixo, sem mudar de cidade ou bairro.
Aos 27 anos, trabalha como empreendedora de serviços em um estúdio . Ela atua juntamente com uma equipe, fazendo tatuagens e colocando piercings. O marido, que também é tatuador, recebeu a proposta e juntos foram trabalhar no mesmo local.
No estúdio, a única mulher é ela. Por ser rodeada de outros tatuadores homens, é um pouco incômodo, pois gosta de tatuar de uma maneira mais íntima, calma e delicada para passar um ambiente de tranquilidade. A tatuadora afirma que está feliz no estúdio em que atua e que não troca o local. Contudo, deixa uma página do mercado de trabalho aberta para um dia ter o próprio estúdio e ser Patroa.
Victtoria relata que não é rotina trabalhar todos os dias e percebeu que os capixabas têm uma resistência ao lugar que eles não conhecem. Normalmente, os clientes, então, chegam por alguma indicação. Por ser uma empreendedora terceirizada, ela utiliza apenas o espaço. O trabalha é feito no sistema de porcentagem: uma parte para o estúdio e a outra para o tatuador.
O trabalho é sempre é feito em locais fixos e não considera como opção ir até o cliente. Além do estúdio em Vitória, costuma ir uma vez a cada 15 dias até o espaço próprio de tatuagem que sua mãe possui em Santa Tereza. Antes de ir, avisa aos clientes, gerenciando o tempo e os agendamentos enquanto está hospedada por lá.

Como começou a ajudar a mãe bem jovem, não estava preocupada com a questão de trabalho, mas apenas sendo uma adolescente normal. A partir do aprendizado, a tatuadora afirma ter amado tanto essa “arte” que pretende fazer isso para sempre e não quer tentar outra coisa.
Quando é questionada se tiraria algo do seu trabalho que a incomoda, ela afirmou que gosta com tal intensidade que não mudaria nada. Apenas queria equilibrar a vida de mãe e empreendedora. “Queria ter uma fada madrinha que me ajudasse com tudo o tempo todo“.
A empreendedora diz que a primeira tatuagem que colocou no próprio corpo foi uma estrelinha feita pela mãe quando tinha 14 anos. Já a experiência inicial fazendo em outra pessoa foi com 18 anos. Hoje, já perdeu a conta de quantas tatuagens tem e última vez que conseguiu contar tinha cerca de 42 tatuagens. Além disso, afirma que já perdeu a quantidade de pessoas que passaram pela sua agulha.
Victtoria se sente privilegiada de poder escolher os horários e a forma como vai trabalhar. Ela busca uma rotina mais tranquila de trabalho e, assim, uma qualidade de vida melhor. Para a tatuadora é agradável ser dona “do próprio nariz”, pois pode ter mais liberdade, pode se reinventar e procurar aprender várias coisas diferentes. “Se eu trabalhasse para alguém, não teria esse tempo disponível”.
Já fui funcionária, trabalhando em shopping, na loja da minha mãe, na papelaria. Ser empreendedor é mais exaustivo. Como assalariada, você vai no horário, faz o seu trabalho, recebe seu salário e vai embora para casa. Contudo é muito limitado. Você com o próprio negócio, vai expandir e vai atingir os objetivos da forma como você acredita ser melhor
Ingrid Victória Sepulveda Ribeiro

Pela flexibilidade de horários, atende de terça à sábado na parte da manhã até metade da tarde, com uma média de 5 horas por dia. Essa limitação é por possuir uma filha pequena, mas consegue organizar antecipadamente caso o cliente não consiga ir no horário delimitado por ela. O maior desafio, então, que encontrou nesse caminho, é ser mãe e conciliar com o trabalho. Muita responsabilidade gera nela um sentimento de culpa por ter a sensação que está fazendo tudo errado.
A tatuadora percebe que no mercado de trabalho, as mulheres estão cada vez mais ganhando força, procurando uma forma de inovar. No setor de tatuagem, às vezes, é possível enxergar a diferença entre o trabalho do homem e da mulher. Tudo depende muito do que a pessoa gosta e estuda. Enquanto, tem homens que fazem trabalhos muito mais delicados que mulheres, existem tatuadoras que tem um trabalho mais masculino, com toques orientais ou tribais.

Com o tempo, o traçado de Victtoria foi mudando, ficando mais fino e com a mão mais leve para machucar menos a pele do cliente. O aperfeiçoamento vem a com prática. O estilo atual dela é de traços mais finos e minimalistas.
Se conseguisse aconselhar uma mulher que possui o mesmo sonho, Victtoria sugere estudar bastante. No presente sente que poderia estar em um nível bem à frente do que está agora em questão de técnicas e estilos de trabalho.
O seu público costuma ser mais feminino. Ela relata que já recusaram fazer trabalho com ela só por ser mulher e presume que não tem muito o que fazer. “É necessário aceitar e seguir em frente uma vez que cada pessoa é livre para ter a opinião que quiser“.
Se pudesse dar uma dica para alguém que está começando a empreender, eu penso que a pessoa tem que escolher uma coisa somente. Escolha algo difícil de ser feito. Se ficar colocando dificuldade em tudo, você não vai fazer nada. Então, escolhe uma coisa para ser difícil e faz mesmo assim. Não dá para ficar esperando acontecer, reclamando, procrastinando. Mesmo que seja assustador, é necessário ter persistência, pois se for desistir na primeira dificuldade, você não faz nada. É essencial ter foco e esforço. Sem isso não dá certo
Ingrid Victória Sepulveda Ribeiro
Victtoria define o próprio trabalho como uma forma de liberdade. Ela explica que quando a pessoa vai fazer uma tatuagem, ela se sente livre de alguma forma: seja de um parente que não concordava, vai ressignificar algum sentimento ou vai buscar uma melhor estética.
Serviços e contatos:
- WhatsApp: (27) 99768-0413
- Instagram: @victtoria.tattoo
- Facebook: Victoria Sepulveda
- E-mail: victtoriaink@gmail.com
Estúdios de tatuagem:
- Rua Aluísio Simões, n° 34, Loja 04, Bento Ferreira – Vitória, ES
- Rua do Lazer, n° 33, Centro – Santa Teresa, ES
Edição: Loren Peterli
Imagem do Destaque: Loren Peterli